Sejamos realistas - nem todos os skippers têm a sorte de ter uma tripulação cheia de marinheiros experientes. Na maioria dos casos, há pelo menos uma pessoa a bordo que não gosta muito de velejar - ou que nunca pôs os pés num barco antes. E mesmo os membros da tripulação que regressam podem esquecer-se de como é realmente o mar. Então, qual é a melhor maneira de os preparar e evitar surpresas indesejáveis?
Reunir-se previamente
Se a sua tripulação for composta por pessoas que não se conhecem, é uma óptima ideia organizar uma reunião antes do cruzeiro. Esta reunião dá a todos a oportunidade de fazer perguntas, quebrar o gelo e descobrir eventuais conflitos de personalidade. Pode parecer trivial - mas um casal desavindo, ex-parceiros ou dois egos fortes lutando por atenção podem tornar a vida a bordo miserável para todos.
Uma reunião da equipa antes da viagem quebrará o gelo.
Compreender a sua intenção
Essa reunião é também a altura ideal para perguntar a cada membro da tripulação o que esperam da viagem de barco. Querem relaxar e apanhar sol? Navegar arduamente todos os dias? Explorar restaurantes? Fazer caminhadas ou mergulho? Se as expectativas de todos forem muito diferentes, alguém vai ficar desiludido - e equilibrar esses interesses pode ser complicado.
Recorde à sua tripulação que navegar exige muitas vezes compromissos. As decisões são normalmente tomadas em grupo - e nem todos os desejos podem ser satisfeitos.
Quem quer ajudar?
Fale com a sua tripulação sobre o grau de envolvimento que querem ter. Têm curiosidade sobre a vela? Querem ajudar nas manobras ou aprender a manusear o barco? Saber isto ajuda-o a planear e dá-lhe uma ideia de com quantas mãos poderá contar durante a viagem.
DICA YACHTING.COM: Inspire a sua tripulação com os nossos artigos sobre o que fazer durante umas férias à vela e as 12 actividades mais divertidas para fazer.
Clarificar o papel do capitão
É frequente os principiantes não saberem o que faz efetivamente um capitão. Por isso, vale a pena explicar - claramente - quais são as suas responsabilidades e autoridade. Desta forma, se tiver de assumir o comando numa crise, eles compreenderão porquê. Afinal de contas, a segurança deles depende das suas decisões.
O capitão deve ser obedecido!
Verificar o estado de saúde
Não é necessário um historial médico completo, mas é importante saber se alguém tem diabetes, epilepsia ou outra doença grave que possa ser perigosa no mar. Peça-lhes que digam onde guardam a medicação, para que a tripulação saiba como aceder à mesma em caso de emergência.
Diga não às malas
O armazenamento de barcos é apertado. Muito apertado. As malas grandes e rígidas não têm lugar para ir e estarão no caminho durante toda a viagem. Diga à sua tripulação para trazer umsaco de desporto macio e dobrável que possa ser guardado debaixo da cama ou num armário depois de desempacotado.
Se cada membro da tripulação trouxer uma mala como esta, não terá onde a colocar a bordo.
O que vestir a bordo?
Provavelmente, a pergunta mais comum que a sua futura tripulação irá fazer é: "O que devo levar e quanto?"
A resposta depende da estação do ano e do local de navegação. Na primavera e no outono, o vestuário quente e um chapéu são obrigatórios. No verão, o foco passa a ser o fato de banho, camadas leves e um boné. Uma dica útil de skippers experientes: prepare uma lista de verificação da embalagem para a sua tripulação. Poupa tempo, responde a perguntas comuns e ajuda toda a gente a chegar bem preparada.
Um aspeto a realçar antes da partida: traga sapatos com solas que não deixem marcas. São essenciais para todos - marinheiros ou não - porque as solas escuras podem manchar e danificar o convés.
Deixe o estilo dos sapatos ao critério deles, mas é importante que não marquem o convés.
DICA YACHTING.COM: Precisa de ajuda para fazer a mala? Leia o nosso artigo sobre o que não se deve esquecer de levar a bordo.
A situação da casa de banho do barco
Se é um leitor regular da nossa revista, provavelmente já viu este tópico antes - "A sanita outra vez?" Sim, outra vez. E por uma boa razão. É uma das coisas mais importantes a explicar à sua tripulação antes de zarpar.
As casas de banho dos barcos não são como as de casa. Na maioria dos iates, o papel higiénico não vai para a sanita. Tem de ser deitado no caixote do lixo previsto para o efeito. A canalização nos barcos utiliza tubos estreitos e os resíduos são normalmente descarregados no mar, pelo que a descarga de papel pode facilmente levar a um entupimento.
Mesmo nos barcos modernos equipados com trituradores, desaconselhamos vivamente a descarga de papel. O mesmo se aplica aos toalhetes húmidos ou aos produtos sanitários, que nunca devem ir para a sanita.
Porque é que isto é tão grave? Porque as sanitas entupidas não são apenas desagradáveis - normalmente não estão cobertas pelo seguro. Por isso, um simples erro pode transformar-se num problema muito caro.
DICA YACHTING.COM: Para mais informações sobre como utilizar uma sanita, consulte o nosso guia - Sanita marítima: como utilizá-la.
Como é que é realmente a bordo?
Os principiantes têm frequentemente uma ideia completamente errada do aspeto e da sensação de um barco no seu interior. Um monocasco de 50 pés e um catamarã de 50 pés oferecem níveis de conforto muito diferentes. Ajude-os a imaginar o barco de forma realista - partilhe um vídeo ou o nosso artigo sobre o aspeto a bordo para definir as expectativas.
Desfazer mitos
Existem muitos mitos sobre a navegação à vela - alguns verdadeiros, outros muito exagerados. A sua função como skipper é esclarecer tudo para que a tripulação não fique nervosa ou mal informada.
Enjoo
Muitos recém-chegados têm medo de ficar enjoados. Pergunte-lhes como lidam com longas viagens de carro ou de autocarro para avaliar a sua sensibilidade. Depois, tranquilize-os: a maioria das pessoas não fica doente e, quando isso acontece, é normalmente ligeiro e de curta duração. Ainda assim, recomende comprimidos ou pastilhas para o enjoo, como Kinedryl, Torecan ou Travel-gum, se estiverem preocupados.
Incêndio
Pode parecer irónico, mas o fogo é um risco real no mar - e os incêndios em barcos acontecem. Antes de partir, mostre à sua tripulação onde se encontram os extintores de incêndio e os dispositivos de corte de gás.
Os incêndios em embarcações são mais comuns do que se pensa.
Claustrofobia vs. febre da cabina
Alguns recém-chegados receiam sentir-se claustrofóbicos no interior do barco. Tranquilize-os - não se trata de um buraco escuro e apertado onde se vão enfiar na cama. Embora as cabinas dos barcos de aluguer modernos sejam mais pequenas do que um quarto normal, foram concebidas para serem funcionais, bem iluminadas e confortáveis. Dito isto, se alguém sofre realmente de claustrofobia grave, deve avisá-lo com antecedência para que possam discutir um plano de reserva em conjunto - só por precaução.
Muito mais comum, no entanto, é o que as pessoas chamam de febre da cabine - quando todos começam a irritar-se uns aos outros depois de alguns dias em locais fechados. Normalmente, pode evitar esta situação se pensar com antecedência: planear passeios regulares em terra, alternar pequenos grupos para actividades ou criar um pouco de espaço e tempo de silêncio sempre que possível. Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença no ambiente a bordo.
DICA YACHTING.COM: Curioso sobre outros mitos da navegação? Consulte o nosso artigo sobre os 7 maiores mitos sobre iatismo e veja quais são os mitos com que já se deixou enganar.
Quanto me vai custar a navegação?
No início do processo de planeamento, certifique-se de que todos sabem quanto terão de orçamentar para a viagem. Ser direto em relação aos custos ajuda a evitar conversas embaraçosas mais tarde - e evita qualquer confusão sobre quem está a pagar o quê. Pode partilhar o seu próprio orçamento de viagens anteriores ou orientar a sua tripulação para os nossos guias - Quanto custam umas férias de barco? e Custos semanais de aluguer de iates: quanto pode esperar pagar?
Além disso, cheguem a um acordo prévio sobre a forma como as despesas serão tratadas durante a viagem. Vão dividir tudo em partes iguais por pessoa? Ou registam quem paga o quê e fazem as contas no final? Seja qual for o método escolhido, a clareza é fundamental para manter as coisas justas e sem stress.
Trazer dinheiro suficiente
A quantidade de dinheiro que necessita depende do local onde está a navegar - mas, como regra geral, recomendamos sempre que cada membro da tripulação leve dinheiro suficiente para toda a semana.
Em muitos locais, especialmente quando se compra peixe fresco aos pescadores locais, se faz compras em mercados ou se visita pequenas tabernas em baías remotas, os pagamentos com cartão ou telemóvel simplesmente não são aceites. Ter dinheiro à mão garante que não vai perder nada - ou acabar por ficar sem jantar.
Comprar peixe diretamente aos pescadores no porto é ótimo. Mas vai precisar de dinheiro.
Estabelecer limites
Não é invulgar que tanto os marinheiros principiantes como os experientes tratem uma viagem à vela como uma longa festa. Como capitão, é importante definir expectativas claras desde o início - especialmente no que diz respeito ao álcool e ao tabaco.
Decida antecipadamente a quantidade de bebida que é aceitável e onde é permitido fumar. E não é preciso dizer que é proibido fumar dentro do barco em qualquer circunstância. Algumas regras básicas simples podem contribuir muito para manter toda a gente segura e confortável a bordo.
É uma boa ideia combinar com o grupo o local onde se fuma, para que os outros não se importem.
O ideal é organizar uma reunião informal da tripulação muito antes do cruzeiro. É a altura perfeita para falar sobre as expectativas, explicar como é realmente a vida a bordo e recomendar o que cada um deve levar na mala - especialmente salientando que as malas grandes e rígidas são proibidas.
Aproveite esta oportunidade para perguntar sobre quaisquer condições médicas, discutir preocupações ou receios e esclarecer mitos comuns sobre o iatismo. Também é aconselhável rever o orçamento estimado para que todos possam planear as suas despesas com antecedência.
E mesmo antes de zarpar, não se esqueça de uma última informação essencial: como utilizar corretamente a casa de banho. Uma simples explicação pode poupar-lhe muitos problemas - e manter a canalização (e a tripulação) satisfeita.
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